Evento no CNPEM apontou caminhos para pesquisadores e empresários unirem esforços
Um dos temas mais recorrentes nas falas dos convidados durante o Seminário de IFA Academia – Biodiversidade e Inovação Farmacêutica foi a translação de conhecimento. O termo representa a aplicação prática de descobertas e procedimentos que surgem a partir de estudos realizados em universidades ou centros de pesquisa. O evento promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi) e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais CNPEM), em Campinas (SP), trouxe provocações e levantou o debate na relação entre o que é produzido pela academia e o que vai parar na linha de produção das indústrias farmacêuticas.
A programação ainda tratou de gestão de parcerias, de diferentes cenários do setor (seja oportunidades competitivas ou a questão regulatória para produtos vindos da biodiversidade) e até da Nova Indústria Brasil (NIB) na saúde, atual política industrial que está em implementação por parte do governo brasileiro.
A gerente do Programa da Inovação da Radical da Abiquifi Flavia Albuquerque entende que o evento deixa como resultado a atenção em pontos estratégicos e direcionamentos para obter avanços no ramo farmoquímico. “Durante as palestras e painéis ficou clara a necessidade de uma nova política de estado robusta para coordenar os esforços, recursos e instrumentos visando o desenvolvimento de novas tecnologias no país e o acesso a essas terapias. Houve também uma ênfase na inserção da cultura regulatória desde o início dos projetos para viabilizar parcerias e investimentos. Isso sem falar em declarações que apontam a importância de sensibilizar o setor sobre as infraestruturas instaladas e os instrumentos voltados para a descoberta de medicamentos da nossa biodiversidade”.
As contribuições para conseguir avanços nos temas em discussão vieram das mais variadas instituições públicas e privadas. Entre elas, estavam representantes do MCTI, Finep, Embrapii, MDIC, Anvisa, Clarivate, CNPEM, Sail for Health, DNDi, Emerge, Biominas Brasil, NuBBe, Symbix Consultoria, Senai Cimatec, Nintex, Aché, Cristália, Grupo Centroflora e Instituto Butantan.
Para a Diretora do Laboratório Nacional de Biociências (LNBIO-CNPEM), Dra Maria Augusta Arruda, o seminário serviu colocar num mesmo espaço de debate quem está envolvido diretamente com a inovação farmacêutica no país. “Ao unir as principais vozes dos setores produtivo, acadêmico, regulatório e governamental, criou a plataforma perfeita para discutir o salto quântico que a inovação radical em medicamentos no Brasil necessita, com foco em nossos bens maiores: a biodiversidade brasileira, a criatividade de nossos pesquisadores e as abordagens experimentais de ponta que o Brasil tem a sua disposição no CNPEM.”
Marcos Valadares, consultor de investimentos da Abiquifi, concorda com a responsável pelo LNBIO-CNPEM que o seminário trouxe atores relevantes do ecossistema de inovação do Brasil que trabalhado ativamente para que o país faça parte do mapa de inovação tecnológica do setor farmacêutico. “O desafio é enorme já que o mercado é altamente competitivo. No entanto, a biodiversidade brasileira é um ativo no processo de desenvolvimento de novos medicamentos e abre caminho para uma estratégica com potencial de trazer relevância nessa conversa e o melhor é que temos cases para mostrar.”
Valadares defende a estratégia de persistir para se dar bem numa área que tem um enorme potencial financeiro. “O trabalho é árduo e longo, mas vale a pena. Estamos falando de um mercado trilionário que afeta diretamente a nossa saúde e do nosso país. Vamos arregaçar as mangas e mãos à obra”.
RESULTADOS DO EVENTO SERÃO APRESENTADOS NOS EUA
Um ponto convergente nas conversas no CNPEM era a biodiversidade vista como diferencial de competitividade do Brasil para do mercado internacional. Ao usar as ferramentas apropriadas de acesso, os experimentos tendem ter mais êxito. Por outro lado, foi praticamente unânime que essa trajetória só deve ganhar consistência se estiver aliada às pesquisas que levam à inovação.
O presidente executivo da Abiquifi Norberto Prestes aponta para um contexto muito maior os desdobramentos do seminário de IFA Academia. “A Abiquifi em 2024 vai operar em algumas frentes para o desenvolvimento do setor farmoquímico no Brasil. Para isso, começamos a nossa jornada de sensibilização e desenvolvimento dos institutos de pesquisa, da universidade, em prol, do setor farmoquímico. Início em alto estilo, fazendo a nossa primeira ação dentro do CNPEM, no local onde está o único acelerador de partículas da América Latina e um dos três mais modernos do mundo. A discussão que aconteceu em Campinas só reforçou a capacidade que o país tem para desenvolver moléculas, descobrir novas rotas tecnológicas a partir da cooperação da indústria, do setor acadêmico, das startups, dos órgãos reguladores e dos órgãos governamentais. Agora basta criarmos o modelo brasileiro de aceleração dessas descobertas e colocar o Brasil no mapa da inovação mundial da cadeia farmacêutica”.
Além de melhorar o ambiente setorial, a ideia é – segundo Norberto – levar a discussão sobre biodiversidade brasileira do encontro para eventos internacionais. “Acho que os resultados foram além do esperado, os encaminhamentos e os efeitos desse trabalho deverão repercutir nos próximos meses. Nós faremos a segunda etapa desse seminário nos Estados Unidos, durante a BIO Convention, elevando os primeiros resultados dessa articulação. Apresentar dentro do pavilhão e em evento específico marcado para o dia 05 de junho quais os instrumentos que o Brasil dispões para acessar a biodiversidade.”
O seminário teve o apoio da Clarivate, da FCE Pharma e Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil. Associados da Abiquifi, como Hypera, Libbs e Marjan, também estiveram presentes para prestigiar o evento.
ENTENDA OS SEMINÁRIOS DA ABIQUIFI PREVISTOS PARA 2024
O Seminário de IFA Academia – Biodiversidade Inovação Farmacêutica realizado no dia 27 de março (2024), no CNPEM em Campinas (SP), é o primeiro de uma série de seminários que devem ocorrer ao longo do ano nas universidades e centros de pesquisa de SP, RJ, PE, BA, GO e AM.
A Abiquifi já realiza nos últimos anos o Seminário Internacional de IFA, a quarta edição está prevista para dias 26 e 27 de novembro, em São Paulo. O foco é produção de insumos farmacêuticos ativos na América Latina com temas que envolvem toda a cadeia produtiva. Mas na busca por otimizar resultados e aprofundar discussões, seminários segmentados em três temas (Academia, Inovação e Indústria) serão realizados em 2024.
O Seminário de IFA Academia terá novas edição e tem por objetivo se aprofundar na pesquisa que acontece nas universidades e centros de pesquisa no país. O projeto inclui a qualificação da mão de obra para o setor, desde a formação até um horizonte tecnológico para o setor.
O Seminário de IFA Inovação vai trazer os atores do ecossistema de inovação como startups e empresas em estágios mais avançados do desenvolvimento de uma tecnologia para as discussões. Serão realizadas rodadas de negócio, treinamento e uma visão aprofundada no desenvolvimento de novos produtos ou serviços para aumentar a competividade da indústria nacional e colocar o Brasil no mapa mundial do tema.
O último é o Seminário IFA Indústria que deve abordar temas como produtividade, competitividade, inovação e comércio exterior diretamente com a indústria farmoquímica e farmacêutica. O objetivo é adensar a cadeia e estreitando ainda mais a relação do setor com agentes governamentais.
Em breve, os detalhes de datas, horários, locais e programação desses eventos. Fique atento aos canais de comunicação da Abiquifi.