Startups brasileiras de biotecnologia ganham destaque em premiação da KPMG

A KPMG está promovendo um concurso para identificar as startups mais inovadoras do Brasil. A vencedora participará do Web Summit Lisboa, considerado o maior evento de tecnologia do mundo, com todas as despesas pagas.

Embora o foco do evento seja tradicionalmente voltado para tecnologia da informação, a edição deste ano trouxe uma surpresa positiva: três empresas de biotecnologia figuram entre as finalistas — Biolinker, Qnity e Peptidus Biotech. O resultado chama a atenção para um setor historicamente visto como complexo e de alto custo para investimento, e que ainda não ocupa posição de destaque no histórico de inovação do Brasil.

A biotecnologia, no entanto, é responsável por avanços que transformam diretamente a saúde, incluindo medicamentos para tratamento de câncer, testes diagnósticos (como para Covid-19, infarto e análises genéticas) e dispositivos médicos (respiradores, stents, marca-passos, entre outros). Apesar do grande potencial, muitas soluções desenvolvidas no país não chegam ao mercado devido à dificuldade de captação de recursos para seu desenvolvimento.

Com o objetivo de mudar esse cenário, a ApexBrasil e a Abiquifi, por meio do convênio Brazilian Pharma & Health (BP&H), criaram o programa Brazil’s BEST. A iniciativa seleciona startups brasileiras de saúde com alto nível tecnológico, oferecendo suporte estratégico, mentorias e conexão com investidores globais. O programa também viabiliza a participação dessas empresas em eventos internacionais, ampliando sua visibilidade e aumentando as chances de atração de investimentos estrangeiros.

O destaque alcançado por startups de biotecnologia na premiação da KPMG reforça a importância de iniciativas que conectem inovação, capital e mercado, consolidando o Brasil como um player relevante na biotecnologia global.

Abiquifi discute com Ministério da Agricultura a estruturação de cadeias produtivas de insumos vegetais, com foco em Cannabis medicinal

Em reunião recente com o Ministério da Agricultura, a Abiquifi reforçou a importância de estruturar cadeias produtivas sustentáveis para insumos vegetais no Brasil, com destaque para a regulamentação do cultivo da Cannabis medicinal com fins farmacêuticos e a produção de Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFAs).

A iniciativa se alinha ao crescente interesse global por bioativos de origem vegetal e à necessidade de fortalecer a autonomia nacional na cadeia de insumos farmacêuticos.

Durante o encontro, foram abordados pontos estratégicos para viabilizar essa agenda no curto e médio prazo:

Interação com órgãos reguladores

Foi destacada a urgência de articulação interinstitucional para atendimento ao prazo estabelecido pelo STJ em relação à regulamentação da Cannabis medicinal, com envolvimento de órgãos como Anvisa, MDIC, Ministério da Saúde e Embrapa.

Pesquisa e desenvolvimento de sementes e cultivares

A Abiquifi ressaltou a necessidade de investimentos em P&D para o desenvolvimento de sementes, cultivares e material genético adaptados ao território brasileiro, garantindo viabilidade agrícola, regularidade de oferta e qualidade dos insumos.

Conexão com a Anvisa desde o início

Foi defendida a integração antecipada com a agência reguladora para garantir que a cadeia produtiva se estruture de forma alinhada aos padrões exigidos para a fabricação de IFAs, desde a origem vegetal até a etapa industrial.

Controle de qualidade e rastreabilidade

A criação de mecanismos robustos de controle de qualidade e rastreabilidade dos insumos foi apontada como pilar fundamental para assegurar segurança, eficácia e transparência na cadeia.

Próximos passos

A Abiquifi se comprometeu a auxiliar na construção de uma proposta técnica com diretrizes para regulamentação e desenvolvimento da cadeia produtiva, além de seguir mobilizando atores públicos e privados para construção de um marco regulatório moderno, sustentável e inovador.

Resultado preliminar do FIP-Saúde marca avanço no financiamento à inovação em saúde

No dia 05 de agosto, o BNDES, FINEP e Fundação Butantan tornaram público o resultado preliminar da escolha do gestor para o fundo de investimento em participações (FIP) no complexo econômico e industrial da saúde (FIP-Saúde).

O consórcio composto por Kortex Ventures e IKJ ficou em primeiro lugar seguido pela GreenRock em segundo lugar. O edital contou com a participação de 12 propostas no total e a segunda fase do edital selecionou 5 propostas para apresentação oral da tese de investimento com o resultado que foi divulgado ontem.

A iniciativa para a formação do fundo de investimento em participações é muito bem-vinda e vem ao encontro de uma necessidade alarmante no nosso ecossistema: falta de capital de risco para financiar ideias inovadoras com grande densidade tecnológica no setor de saúde. Historicamente, a inovação deveria seguir um percurso desde sua concepção em ambientes acadêmicos até o mercado passando por entidades pequenas e versáteis, mais comumente chamadas de startups, cujo o propósito único é tornar uma ideia disruptiva em produtos/serviços que melhoram a vida das pessoas de alguma forma. No caso do setor da saúde, as inovações com adensamento tecnológico (chamadas deep techs) assumem contornos ainda mais relevantes pois tais empresas se propõe a gerar medicamentos, tratamentos, dispositivos médicos, testes diagnósticos e outros tantos que impactam diretamente a vida das pessoas para bem. Acontece que os poucos ousados empreendedores da área no Brasil encontram um vácuo de financiamento que tantas vezes torna impeditivo o processo transformação da ideia potencial em produto no mercado. Ao saírem do ambiente acadêmico, existe pouco (muito pouco) capital de risco disponível para investir em tecnologias que exigem alta demanda de capital e longos ciclos de desenvolvimento. O resultado final disso é que quase nenhuma inovação do setor é desenvolvida no Brasil gerando uma dependência do mercado externo. 

Este fundo é um passo importantíssimo no processo de criação de um ambiente de investimento em tecnologias disruptivas no setor da saúde. O fato de 12 propostas terem sido enviadas demonstra que existe um apetite para o assunto que deve ser fomentado mas é necessário que mais ações sejam tomadas para favorecer o investimento de capital privado no país dentro do setor (como diminuição da taxa de juros, diminuição da taxa de impostos para importação de produtos e serviços não existentes no país, etc). Sem o envolvimento de capital privado, nenhum país é capaz de catapultar seu ecossistema de inovação para uma posição de protagonismo global. 
Importante acompanhar melhor compreender as teses de investimento que serão resultantes desse consórcio, pois o sucesso da iniciativa está intimamente relacionada ao sucesso do portfólio desse grupo. Precisamos ter cases de sucesso para gerar um momento positivo de investimento para o setor.